segunda-feira, 5 de julho de 2010

4º dia... mendiga Rita

E mais uma vez a história repete-se.
O nervoso miudinho toma conta do meu estômago à medida que a hora de mudar de pele se aproxima. Repete-se mais uma vez a nova rotina que criámos para o projecto, entro nos Armazéns do Chiado, mudo de roupa e volto a sair, mas desta vez já muito diferente.
Vinha tão preparada para os olhares de preocupação, que esses hoje mal incomodaram. Hoje o choque foi a discriminação!
A facilidade com que apontam o dedo é absurda. Será possível que estas mentes estejam tão atrofiadas que sejam incapazes de ver que existe um mundo além da sociedade?
Vistos de fora, os padrões pelos quais nos regemos todos os dias, são assustadores! E é simplesmente RIDÍCULO que não ponhamos a mão na consciência e nos apercebamos de que nem tudo são rosas...

4 comentários:

  1. Sim, as mentes estão atrofiadas, é uma espécie de hipnose colectiva. Acreditando-se que "amanhã será melhor", HOJE continua tudo na mesma.

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  2. Pode ser mais concreta? Como sentiu essa descriminação? As pessoas verbalizam alguma coisa ou simplesmente ignoram-na?

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  3. Eu fui literalmente gozada por não ter sapatos calçados... Tirando uma ou duas vezes em que me apontaram mesmo o dedo como quem diz: "O que estás aqui a fazer? Vai fazer pela vida!"
    O facto de me ignorarem, para ser sincera, nem incomoda muito, porque apesar de eu estar fora daquilo que é comum, o mendigar também já é habitual na capital portuguesa e já não acende nenhuma luz dentro de certas pessoas.
    Rita

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  4. mais um dia .. realmente, gozarem-te por não teres sapatos calçados .. enquanto tantas pessoas chegam a ter 20 ou 30 pares dos mesmos. É incrivel e terrivelmente assustador o papel do dinheiro na vida, sociedade e sobrevivencia. E a sobrevivencia a partir da solideriadade das pessoas afigura-se extremamente complicada. Eu percebo o ponto de vista de quem diz : "vai fazer pela vida". é uma decisão só nossa, mas perde-la abandonados num canto sujo e afundados em tristeza não será a melhor maneira de aproveitar a vida. Mas o que será do dia no qual as forças se forem, o corpo nos abandonar e as capacidades se esfumarem ? O que é que se pode fazer por uma vida, então ?
    Este blog e esta vossa experiencia tem-me feito pensar bastante. Boa sorte com os restantes seis dias :D

    ps - as fotografias estão fantásticas !

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